Praça Victor Civita: um oásis urbano

Quando olhamos para as imagens abaixo, a vontade de entrar e conhecer é praticamente nula. Essas fotos são de um antigo depósito de lixo hospitalar e residencial, que ficou localizado no número 580 da rua Sumidouro (Pinheiros, São Paulo) por 40 anos. Em 2008, essa história teve um final mais feliz com a revitalização do espaço, então convertido em Praça Victor Civita – Museu Aberto da Sustentabilidade, cujo nome presta uma homenagem ao fundador da Editora Abril.

VC_antes

Há cerca de um ano, o local foi aberto ao público, após passar por um projeto de revitalização assinado pela Levisky Arquitetos | Estratégia Urbana. Com 13,6 mil metros quadrados de área, a atração conta com um deck de madeira – impedindo o contato do público com o solo, ainda contaminado -, área para esportes e atividades recreativas, bosque, horta, estrutura com bebedouros, banheiros e bicicletário, museu e uma arquibancada de frente para a pista de caminhada.

O prédio onde ficava o incinerador foi restaurado e ganhou um ar mais retrô. Uma nova camada de terra foi sobreposta e diversas plantas estão sendo cultivadas. Os pontos positivos, como utilização de luz solar e irrigação com água de reúso, são inúmeros. A Praça Victor Civita é mais uma evidência de que basta o interesse de lideranças e autoridades para transformar pontos degradados em ambientes propícios para o convívio.

VC_depois

O Movimento Lixo Cidadão visitou a praça no começo de novembro, logo pela manhã, e presenciou uma cena impagável, se pensarmos em um centro urbano do porte de São Paulo: enquanto adolescentes jogavam cartas na escadaria, uma aula de ioga era conduzida e algumas pessoas caminhavam pelas vias do espaço. Uma iniciativa como essa certamente leva a população à conscientização sobre temáticas ambientais, responsabilidade social, cultura e urbanidade.

Matheus Gomes, 16 anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio no Colégio Fernão Dias, era um dos que apreciavam o ambiente. Como sua aula acabou mais cedo, ele foi aproveitar a companhia dos colegas de classe ao ar livre. “Faltam mais espaços como esse em São Paulo”, explica o adolescente, que pretende cursar Arquitetura e Urbanismo.

De 1949 a 1989, o incinerador que havia no local queimava aproximadamente 200 toneladas de lixo por dia. Esse volume depositado, obviamente, trouxe consequências e obstáculos para quem topou encarar o projeto. “O principal desafio da Levisky Arquitetos | Estratégia Urbana foi trabalhar em espaço público aberto com passivo ambiental, sem referências e normativas legais para lidar com tal situação”, afirma Adriana Levisky, arquiteta urbanista e sócia titular do escritório responsável pela revitalização.

A poucas quadras da Avenida das Nações Unidas (Marginal Pinheiros), a praça é um contraponto a uma das principais vias urbanas, que não é nada “pedestre-friendly” e fica às margens de um rio insalubre. “A cidade de São Paulo é carente de espaços públicos de lazer e convivência. Por suas características, naturalmente a Praça Victor Civita – Museu Aberto da Sustentabilidade vem ganhando novos frequentadores que passam a usufruir o espaço para atividades culturais e esportivas”, complementa Adriana. A arquiteta ainda cita outros exemplos na capital paulista, como o Sesc Pompeia e a Casa das Rosas, que propiciam esse mesmo tipo de experiência.

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