Crescimento econômico da Alemanha leva ao aumento contínuo do volume de lixo e embalagens

Cada cidadão produz, por ano, uma média de quase 230 quilos de resíduos, apesar de campanhas de conscientização

A Alemanha tem prosperado muito nos últimos anos. Com uma das maiores economias do globo, com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Produto Interno Bruto (PIB) e baixa taxa de analfabetismo e pobreza, o país é um dos mais notáveis nos dias atuais. No entanto, esse crescimento econômico acelerado acarretou em um país com altíssimo nível de geração de lixo.

O fato é que o crescimento econômico enche de embalagens o lixo da Alemanha. Nunca houve antes na história do país um período com tanto lixo: em 2017 foram descartados 18,7 milhões de toneladas de embalagens. Se dividir essa quantidade pelo número de habitantes, cada cidadão produziu cerca de 226,5 quilos de resíduos naquele ano. Trata-se de um novo recorde, 3% acima ao ano anterior, garantindo ao país um inglório primeiro lugar no ranking europeu do lixo.

Esse aumento na geração de lixo não é um fato isolado. Apesar de todas as discussões sobre proteção ambiental e sustentabilidade, a quantidade de embalagens vem aumentando continuamente na Alemanha, nos últimos anos.

É justo esclarecer que a maior parte desses detritos não partem dos consumidores: 53% são produzidos por empresas, na forma de embalagens usadas no processo de manufatura ou que permanecem com os comerciantes.

Mas por que o lixo cresce a cada ano que passa?

De acordo com o Departamento Federal alemão do Meio Ambiente, o crescimento do número de embalagens se deve ao ótimo crescimento econômico do país nos últimos anos. Como muitos cidadãos possuem uma situação financeira melhor, eles consomem mais, o que acaba implicando em mais lixo.

Há ainda outros dois aspectos: por um lado, a comodidade. O Departamento do Meio Ambiente observou que os pacotes das embalagens muitas vezes oferecem funções adicionais – como a possibilidade de serem novamente fechados ou acessórios para dosagem – que são muitas vezes desnecessários, aumentando o consumo de material e possivelmente dificultando a reciclagem.

O outro fator é a mudança de estilo de vida. A tendência atual é de porções menores de alimento ou de comer fora, e ambos geram mais lixo. Além disso, o comércio online floresce: cada vez menos consumidores compram em lojas, encomendando na internet com entrega a domicílio. Para que cheguem intactos, os artigos costumam ser empacotados de forma mais elaborada do que antes.

Na opinião de Maria Krautzberger, presidente do Departamento do Meio Ambiente da Alemanha, a dinâmica vai na direção inteiramente errada: são usadas embalagens demais, o que é nocivo do ponto de vista ambiental e do emprego de matérias primas.

Ela apela à indústria e aos consumidores: “Precisamos evitar detritos, se possível já na fase de produção. Por isso deve-se abrir mão de acondicionamentos desnecessários e com emprego desnecessariamente intensivo de material.”

Nos próximos anos, a percentagem das embalagens reutilizáveis deverá aumentar ainda mais. Desde 1º de janeiro vigora na Alemanha uma nova lei de embalagens, prescrevendo uma quota de reciclagem de pelo menos 63%, até 2022. As diferentes quotas dos diferentes materiais mostram que a meta é viável: quase 88% do papel e papelão já é atualmente reaproveitado, o vidro tem uma quota comparável, de 85%. As piores cifras cabem ao plástico e a madeira, com taxa de reciclagem abaixo de 50%.

Apesar do aumento do número de embalagens, os alemães conhecem bem a importância da reciclagem. Cerca de 70% das embalagens são reaproveitadas e grande parte do resto acaba sendo revertido em energia. Pouco do montante gerado acaba se perdendo ou sendo desperdiçado. Fica a lição de casa para as empresas do país diminuírem o uso de embalagem, para que o crescimento econômico seja apenas positivo, sem influenciar negativamente no meio ambiente.

 

 

Fonte: G1

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