Johnatas de Oliveira Cruz, coletor ou corredor?

Acostumado com a corrida atrás do caminhão, gari aproveita a profissão para treinar e sonha com as Olímpiadas

Johnatas de Oliveira Cruz, ou apenas Johnatas, é mais um desses personagens emblemáticos da cidade de São Paulo. Já ouviu falar dele? Não? Deveria, pois o sujeito vem se tornando famoso e dando entrevistas para diversos jornais.

Johnatas tem 28 anos e é natural de São Pedro dos Ferros, pequena cidade de Minas Gerais. Chegou a São Paulo com 12 anos e aos 18 já trabalhava como frentista em um posto de gasolina. Para ir ao trabalho, passava todos os dias em frente a umas das grandes empresas de coleta de lixo de São Paulo.. Até que um dia, em 2012, resolveu tentar uma vaga e foi aí que a história de Johnatas como coletor começou. “Sempre passava em frente e tinha vontade de trabalhar ali. Achava legal aqueles garis correndo atrás do caminhão. É muito feliz o trabalho. A gente coleta sorrindo e brincando. Sinto e vivo isso até hoje.”, disse ele em entrevista ao Estadão.
Johnatas conta que já trabalha há 6 anos como coletor. “Quem trabalha como gari sabe que coletar é muito gostoso, aquela a sensação de deixar a cidade limpa”. Esse prazer aumenta quando sente o reconhecimento dos cidadãos e, principalmente, o fascínio das crianças. “Já aconteceu de nós passarmos com o caminhão para fazer a coleta e tinha uma criança esperando na porta para a comemoração do aniversário. A criança só cantou os parabéns depois que eu e outros coletores entramos, a pegamos no colo e cantamos junto com ela. Isso foi muito bacana. O coração puro da criança e o olhinho brilhando. É inesquecível”.

Mas é claro que há dificuldades. Ele alerta, por exemplo, para o perigo de se jogar lixo cortante junto com o resíduo comum. “É muito importante que a população descarte corretamente os objetos cortantes. Colocar dentro de uma caixa de leite, caixinha de papelão ou embrulhar no jornal. Isso é fundamental para ninguém se machucar”, explica ele.

Coletor ou corredor?

O sonho de Johnatas é ser atleta profissional. Ele já pratica corrida desde 2015 e a empresa em que trabalha incentiva muito a prática. Para isso, seu treino é dividido em duas partes: de manhã, em um parque no bairro Cidade Tiradentes, e de noite, quando ele corre atrás do caminhão de lixo. Johnatas tem o auxílio de um treinador e desde o ano passado passou a contar também com acompanhamento médico. “Treino de manhã, descanso de tarde e tenho responsabilidade do meu trabalho na parte da noite”.
E os objetivos estão sendo alcançados. Entre suas principais conquistas, vale destacar a segunda posição alcançada no aniversário de São Paulo de 2018 e uma corrida em São Bernardo do Campo, onde ele disputou uma meia maratona. Mas o seu maior desafio foi a Corrida de São Silvestre de 2018, onde chegou na 13ª posição e foi o 4º melhor colocado entre os brasileiros concorrentes. “É muito importante se organizar. Tem que ter um objetivo, saber o que você quer. Traçar metas na sua vida”, comenta sobre os bons resultados que vem conquistado. “Se você não treinar, nada acontece. Nós vivemos de resultado, então é fundamental treinar. Com dedicação, inspiração, força, fé e saúde, os resultados vêm com naturalidade”.
O maior sonho de Johnatas é disputar uma Olímpiada ou um Pan-Americano, e claro, se possível, vencer as provas. “Quero ganhar a São Silvestre, correr maratonas e mundo afora”.

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