Tolerância zero as sacolas plásticas em Ruanda
Em 2008, o país promulgou lei rigoroso para o combate do plástico. Hoje, país é um dos mais limpos de todo continente africano.
Elas vêm escondidas dentro das roupas. Roupas íntimas são o lugar ideal para os contrabandistas transportarem suas cargas clandestinas e cruzar as fronteiras de Ruanda. Não, não estamos falando de drogas, armas ou pedras preciosas extraídas clandestinamente, mas sim, de sacolas plásticas.
Em 2008, Ruanda, país africano, adotou sérias políticas contra os sacos plásticos. No país, é proibido a importação e produção deles, além de ser ilegal utilizar sacos ou até embalagens plásticas por todo o território do país. A lei prevê sérias penalidades para àqueles que a infringirem – os “traficantes” capturados com plástico ilegal estão sujeitos a multa, prisão ou até a serem forçados a fazer confissões públicas.
O país é um dos mais de 40 em todo mundo que proibiu, restringiu ou taxou o uso de sacos de plástico, incluindo China, França e, mais recentemente, nossos vizinhos chilenos.
O fato é que o Ruanda conta com uma das políticas “anti-plástico” mais rigorosas no mundo. As regras são bem especificas no país:
• Produtos importados geralmente têm suas embalagens de plástico removidas na alfândega, a menos que isso prejudique a mercadoria. Nesse caso, pede-se que as lojas removam a embalagem antes de entregar a mercadoria aos clientes;
• Alimentos envoltos em celofane só são permitidos em hotéis, e apenas se não sair das instalações;
• Sacos biodegradáveis são permitidos apenas para carne e peixe congelados, não para outros itens, como frutas e legumes, porque mesmo esses ainda demoram 24 meses para se decompor, de acordo com governo;
• Batatas fritas e outros alimentos embalados em plástico só são permitidos se as empresas que os produz forem aprovadas pelo governo – depois de mostrar um plano de negócios detalhado que inclui o plano de coleta e reciclagem dos sacos.
Apesar das regas do país serem duras e um tanto complexas, essa política de tolerância zero garantem com que Ruanda seja provavelmente a nação mais limpa de toda a África. As ruas da capital, Kigali, e até outras cidades secundárias, são praticamente impecáveis, não se encontra lixo no chão. Homens e mulheres são vistos regularmente na beira das estradas varrendo o lixo, e pede-se que os cidadãos participem uma vez por mês de um mutirão de limpeza dos bairros – incluindo o próprio presidente.
Nos aeroportos, bagagens são revistadas em busca de sacolas plásticas. Aldeias são visitadas por oficiais que vão em busca de sacos contrabandeados. Egide Mberabagabo, um guarda que trabalha na fronteira, cujo trabalho é pegar contrabandistas e descartar o plástico ilícito que encontra, comenta que muitas vezes as pessoas entram com sacos escondidos nas roupas de baixo. “Os casos mais extremos são as mulheres”, disse ele. “Não é muito fácil encontrá-los”, acrescentou.
Outros 15 países do continente africano adotaram algum tipo de medida sustentável, mas nenhum conta com um esquema tão funcional quanto Ruanda. Muito ainda tem suas estradas cobertas de sacos plásticos, entupindo canos de drenagem e sendo ingerido por gados (o que leva os animais a morte).
Fonte: Gaúcha Zn, DW Brasil