Países destacam experiências bem-sucedidas de descarte correto de lixo
Até que ponto é importante estimular mudanças de hábitos para incentivar atitudes mais sustentáveis no consumo e no descarte?Até que ponto é importante estimular mudanças de hábitos para incentivar atitudes mais sustentáveis no consumo e no descarte?
O quão importante é engajar o cidadão a ter uma relação sustentável com os resíduos sólidos, conscientizado da necessidade do descarte correto, de praticar a reciclagem e até incentivar a diminuição da geração de lixo?
O Brasil ainda têm grandes desafios a serem superados para atingir melhores resultados na destinação correta de resíduos sólidos e, assim, cumprir a PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos. Por exemplo, o mais recente Índice de Sustentabilidade de Resíduos Sólidos (ISLU) demonstrou um hábito preocupante do brasileiro – 53% dos municípios continuam destinando o lixo incorretamente, sendo que 29 milhões de toneladas de resíduos sólidos ainda vão para locais inadequados. Isso gera uma perda de R$ 3 bilhões por ano ao país ao não reciclar esses resíduos.
Bem, disponibilizar essas informações e promover o debate desses temas é mais importante do que parece para a transformação do descarte correto de lixo para a sociedade. Recentemente, países como Suécia, Estados Unidos e Colômbia destacaram como a adoção de uma taxa específica para o lixo foi benéfica para a prestação de um serviço de melhor qualidade.
O assunto foi tema do Congresso Internacional Cidades Lixo Zero, realizado ano passado, em Brasília. Palestrantes de diversos países destacaram os resultados positivos obtidos com trabalhos variados de conscientização com a população sobre geração e descarte corretos de resíduos. Debater o assunto, promover a reflexão e transformar a relação do cidadão é fundamental para uma melhor gestão do serviço.
Afinal, se as experiências foram positivas em todo mundo, com certeza devemos observar mais de perto e avaliar a adoção dessas práticas no Brasil. Confira o que outros países já fizeram para obter melhores resultados.
República Dominicana
A região de Cibao, na República Dominicana, no período entre 2008 e 2018 conseguiu eliminar 85% do lixo. Ou seja, em 10 anos de trabalho para a mudança da relação do cidadão com o lixo, o país foi capaz de reduzir drasticamente a geração de resíduos.
De acordo com Renata Lordello, representante do país no congresso e membro da ONG Heróis do Meio Ambiente, todo o trabalho realizado contra a destinação incorreta dos resíduos trouxe lições importantes, tais como:
• É preciso empoderar o cidadão, permitindo que a comunidade perceba que faz parte da mudança em busca de um meio ambiente mais equilibrado e sustentável;
• A destinação correta do lixo e o fim do desperdício são frutos de um trabalho colaborativo;
• A sustentabilidade e a necessidade de se refletir sobre o lixo produzido devem ser temas trabalhados em sala de aula, fazendo parte da rotina escolar;
• O consumo de novos bens deve ser, na medida do possível, substituído pela reutilização daquilo que ainda pode ser aproveitado.;
• Os avanços relacionados ao fim do desperdício, às responsabilidades de empresários e à destinação dos produtos descartados precisam estar na legislação do país.
Califórnia – Estados Unidos da América
Na região mais populosa dos Estados Unidos, o cidadão recebe 5 centavos por lata devolvida e busca-se conscientizar pelo fim dos plásticos de uso individual, como aqueles que envolvem talheres em restaurantes. A responsabilidade pelo lixo é partilhada entre governo, empresários e sociedade “No meu estado, as laranjas menores, as maçãs com formato diferente são descartadas. Há excesso de produtos descartados nas casas. Resolvemos encarar e entramos em contato com produtores para doação desses itens”, contou Leslie LuKacs, diretora executiva da Zero Waste California.
Hernani – Espanha
Em Hernani, município localizado na província de Guipúscoa, no norte da Espanha, em apenas oito anos, alcançou-se taxa de 80% na reciclagem. “O calendário de coleta foi levado à comunidade por meio de comunicação, para que compreendam o papel de cada cidadão”, explicou o prefeito Luis Intxauspe. Áreas públicas têm espaços para pendurar sacolas com diferentes tipos de lixo e recolher óleo usado na cozinha. A cidade ainda empresta pratos, talheres e copos para que eventos não precisem utilizar descartáveis.
Reino Unido
Mal Willians, diretor executivo da Zero Waste País de Gales, foi além dos exemplos, que passam por abandonar o desperdício e conscientizar jovens e adultos. Para ele, toda a questão dos resíduos produzidos pelos seres humanos é um erro. E a questão é corrigir esse erro. “Cada um de nós tem uma escolha ao segurar um material: depositar como lixo, e matá-lo, ou encaminhar ao lugar correto. O poder está com o indivíduo”, pontuou.
Fonte: Governo do Brasil, O Estado de S. Paulo, ISLU.