Dinamarca irá construir vila ecológica inspirada nos objetivos globais da ONU
A Dinamarca é um dos países mais ecologicamente corretos do mundo. Copenhague, a capital do país, recebeu em 2014 o título de Capital Europeia Verde, prêmio concedido anualmente para reconhecer os esforços das cidades que trabalham para se tornarem cidades sustentáveis e que envolvem a sua população na sustentabilidade ambiental, social e econômica.
E é ao sul da capital do país que dois escritórios de arquitetura – Lendager Group e Årstiderne Arkitekter – se uniram para criar uma vila ecológica inspirada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A UN17 Village terá 35 mil metros quadrados e 400 residências e será o lar de 830 pessoas.
O projeto prevê a construção de cinco quarteirões de moradias, que serão erguidos com concreto, madeira e vidro reciclados. O objetivo dos dinamarqueses é estabelecer novos parâmetros de sustentabilidade na construção civil. A vila ecológica gozará de diversas funcionalidades visando o maior aproveitamento sustentável.
• Um conjunto de prédios da UN17 Village foi projetado para produzir mais energia do que o necessário, a fim de distribuir a corrente elétrica e aquecimento para outros edifícios.
• O complexo como um todo, incluindo os apartamentos individuais, está sendo pensado para ter resiliência às mudanças climáticas, com áreas verdes que vão compensar a perda de vegetação e de biodiversidade associada ao crescimento urbano.
• Estruturas de coleta da chuva permitirão reaproveitar 1,5 milhão de litros de água por ano. A água será tratada e poderá ser usada no banho e em lavabos. O aquecimento da água será feito por meio de energia geotérmica e painéis solares. Cada prédio terá um jardim no telhado.
• O projeto terá 3 mil metros quadrados de áreas comuns para os residentes e outras pessoas, além de um centro de conferências e um restaurante orgânico. Estufas, hortas e instalações para o compartilhamento de alimentos vão produzir comida suficiente para o fornecimento de 30 mil refeições por ano.
A expectativa é de que o condomínio seja concluído em 2023. “Os prédios são projetados para limitar o consumo de energia e produzir e reciclar energia”, explica Anders Lendager, CEO do Lendager Group, uma das empresas responsáveis pela construção do projeto. “Focar no acesso universal à energia, numa maior eficiência e no uso de (fontes) renováveis é crucial para criar resiliência a problemas ambientais como as mudanças climáticas.”
17 Objetivos para transformar nosso mundo
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em setembro de 2015 composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030.
Nesta agenda estão previstas ações mundiais nas áreas de erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econômico inclusivo, infraestrutura, industrialização, entre outros.
“A mudança real no setor de construção civil ainda está por vir, mas a hora da virada está próxima”, afirma Anders Lendager. “Precisamos usar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a economia circular, o upcycling, etc. como ferramentas para criar edifícios e cidades regeneradoras, que devolvam e restaurem o que destruímos ao longo das décadas passadas.”
E como está o Brasil em relação a essas metas?
Nada bem, infelizmente. O ISLU – Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana – projeta que se o Brasil continuar no ritmo atual não conseguirá atingir as metas ligadas à gestão de resíduos sólidos assumidas durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável.
Se nada mudar, o país não conseguirá alcançar a meta da ODS 11.6, referente à redução do impacto ambiental dos resíduos, em menos de 15 anos. Mantido o atual ritmo de implementação, a meta de reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso (ODS 12.5) até 2030 não será atingida em menos de 30 anos depois do prazo.
“O Brasil precisa priorizar essa agenda para honrar o compromisso assumido perante a comunidade internacional. Temos legislações modernas e positivas, mas precisamos colocá-las em prática. As projeções do ISLU são absolutamente preocupantes porque demonstram claramente que o ritmo da implementação das ODS precisa ser intensificado. É um alerta fundamental e uma excelente ferramenta para que os gestores públicos possam medir seus desempenhos”, avaliou Carlo Linkevieius, secretário executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.
Você pode conhecer todas as metas da ONU clicando aqui.
Fonte: ONU, ONU BR.