Em livro, Bill Gates mostra o caminho para vencer a próxima ameaça global: o aquecimento climático

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Desde que se afastou do dia a dia da Microsoft, Bill Gates tem se debruçado sobre alguns dos grandes problemas da humanidade e usado sua relevância para chamar atenção a eles. Após ter alertado sobre a iminência de uma pandemia há cinco anos, o fundador da Microsoft assumiu um papel de protagonismo no combate à Covid-19. Agora, Gates volta seu foco para as mudanças climáticas.

O plano de Gates para tentar reverter o cenário catastrófico que elas podem provocar é detalhado no livro “Como evitar um desastre climático: As soluções que temos e as inovações necessárias”. O grande desafio para evitar o aquecimento climático será reduzir as emissões de gases poluentes de 51 bilhões de toneladas anuais para zero até 2050. Essa transformação é tão difícil quanto parece.

Em entrevista à BBC, Gates disse que acabar com uma pandemia como a da Covid-19 é “muito fácil” em comparação a zerar as emissões de gases poluentes. E que, se nada for feito, as mudanças climáticas serão tão mortais quanto o novo coronavírus.

No entanto, o bilionário é otimista e acredita que uma mudança é possível. Para isso, no entanto, será preciso uma grande intervenção governamental para estimular a inovação em um nível nunca visto.

Gates afirma que a adoção de energia solar e eólica em larga escala e zerar as emissões em carros, substituindo combustíveis fósseis por eletricidade, por exemplo, não representam 30% de todas as emissões. Para ele, é necessário descarbonizar (parar de queimar) outros setores da economia global, como a fabricação de aço, sistemas de transporte, produção de fertilizantes e muito mais. E o papel do governo é justamente fomentar o desenvolvimento de novas tecnologias capazes de substituir métodos produtivos que poluem o ambiente.

Isso pode ser feito oferecendo benefícios fiscais a empresas que busquem a inovação em áreas ainda incipientes como alternativas ao aço, investindo em startups que testam tecnologias para retirar o gás carbônico do ar ou apostando em empresas que criam combustível para aeronaves feito a partir de plantas.

É claro que todas as tecnologias criadas em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, precisam ser baratas para que países em desenvolvimento, como a Índia e o Brasil, possam adotá-las. E isso só será possível com a produção em larga escala dessas alternativas.

Gates aponta ainda que uma das prioridades do novo governo americano sob o comando do democrata Joe Biden deve ser a criação de um Instituto Nacional de Inovação Energética, com um orçamento de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões anuais, apenas para focar nos esforços de pesquisa e desenvolvimento. Afinal, os Estados Unidos são responsáveis por 14% de todas as emissões de gases poluentes do planeta e devem assumir o protagonismo nesse desafio, na visão de Gates. Atualmente, o Departamento de Energia dos EUA gasta US$ 6 bilhões anuais.

O Brasil e a geração de gás carbônico: futuro vulcão ativo

Uma pesquisa realizada especialmente para a data pelo Departamento de Economia do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (SELURB), revelou que a existência de lixões e a queima irregular de resíduos no país são responsáveis por emitir aproximadamente 6 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2eq) ao ano, o equivalente ao gerado por três milhões carros movidos à gasolina circulando anualmente. Além disso, o estudo identificou um dado quase inimaginável – em 10 anos, os prejuízos causados à atmosfera pela falta de tratamento adequado do lixo no Brasil serão os mesmos que toda a atividade vulcânica no mundo em um ano.

“É estarrecedor ver como a ausência do poder público é capaz de criar problemas ambientais desta proporção. O Brasil sempre se considerou privilegiado por não ter que lidar com desastres naturais, como os provocados por vulcões, por exemplo. Mas convivemos com cerca de 3 mil lixões e com deficiências na coleta de resíduos domiciliares que levam à população que vive longe dos grandes centros a queimar seu lixo. Ou seja, acabamos criando uma espécie de ´vulcão´ para nossa atmosfera, e isso é prejudicial ao meio ambiente e à saúde da população, pois as partículas e substâncias provenientes da queima do lixo são extremamente cancerígenas aos seres humanos”, afirma Carlos Rossin, diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais do SELURB.

O levantamento analisou separadamente os efeitos dos diferentes tipos de emissão de gases. No que diz respeito ao gás carbônico, as estimativas foram feitas com base na fórmula adotada pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), da Organização das Nações Unidas. De acordo com o órgão, 30% do lixo é composto por resíduos secos, dos quais 60% são materiais como madeira, papel e plástico, incluindo resíduos de origem fóssil. A partir destes dados, é possível medir o fator de oxidação, que calcula a porcentagem de carbono oxidado quando a combustão ocorre, já descartando o que permanece como cinza ou fuligem. No Brasil, segundo o IBGE, estima-se que cerca de 7,9% do total de resíduos gerados são queimados na própria residência da população. Considerando que cerca de 78,4 milhões de toneladas de resíduos foram geradas no país em 2017, podemos dizer que aproximadamente 6 milhões de toneladas de resíduos foram incinerados ilegalmente. Assim, chegou-se ao resultado de que a queima de lixo realizada irregularmente em território nacional é responsável pela geração anual de 256 mil toneladas de CO2.

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