A COP-26 vem aí! Precisamos falar sobre mudanças climáticas!

Principal evento para discutir questões climáticas acontece em novembro para tratar sobre o compromisso das nações com o aquecimento global


Entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro, líderes e autoridades de todo mundo se reúnem em Glasgow, na Escócia, para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, também conhecida como a COP26, um dos principais eventos globais para discutir questões climáticas.

Enquanto o planeta caminha para uma retomada econômica em meio aos efeitos da pandemia de Covid-19, a assembleia tem o objetivo de discutir e negociar ações que possam frear a mudança do clima, com metas e compromissos de diferentes nações, pois os efeitos do aquecimento global podem ter consequências devastadoras em diferentes pontos do mundo, a exemplo do aumento do nível do mar e da redução de chuvas.

O evento foi criado em 1992, durante a Rio-92, quando as nações se comprometeram a seguir alguns princípios ligados às mudanças climáticas, como não interferir perigosamente no clima. “Anualmente, há encontros para avaliar como cumprir com os princípios daquele primeiro combinado. No momento, há dois acordos mundiais, o Protocolo de Kyoto, de 1997, e o Acordo de Paris, de 2015. Cada reunião anual ganha um número e, neste ano, é a COP26”, disse a especialista em política climática do Observatório do Clima, Stela Herschmann.

O objetivo da COP26 é negociar os últimos pontos para o processo de implementação do Acordo de Paris, criado durante a COP21. O encontro acontece em um momento de grande preocupação com o planeta. Entre outros efeitos, a pandemia fez com que a sociedade enxergasse outros valores na relação com a natureza, como a possibilidade do surgimento de novas doenças e os benefícios dos ambientes naturais para a saúde. Ao longo de 2021, eventos extremos aconteceram em diferentes regiões do planeta: o Brasil vive a sua pior crise hídrica do século; o Canadá registrou temperaturas recordes durante o verão; incêndios de grandes proporções ameaçam a biodiversidade da Califórnia, nos Estados Unidos – em setembro, as queimadas invadiram o parque das sequoias gigantes.

Apesar das discussões girarem em torno das mudanças climáticas, outras questões estão diretamente ligadas ao problema e devem ser olhadas de perto. A gestão e a destinação final do lixo são práticas que, se não feitas de maneira correta, são extremamente nocivas ao meio ambiente e contribuem com a emissão de gás carbônico (CO2eq). Um estudo realizado em 2019 pelo SELURB revelou que a existência de lixões e a queima irregular de resíduos no país são responsáveis por emitir aproximadamente 6 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2eq) ao ano, o equivalente ao gerado por três milhões de carros movidos a gasolina circulando anualmente. Além disso, o estudo identificou um dado quase inimaginável – em 10 anos, os prejuízos causados à atmosfera pela falta de tratamento adequado do lixo no Brasil serão os mesmos que toda a atividade vulcânica no mundo em um ano.

Outro estudo realizado pela entidade não traz dados muitos animadores para o Brasil. Nos últimos anos, foram tímidos os avanços do país na gestão de lixo, além de serem poucas as cidades brasileiras que possuem um modelo de cobrança para custear os serviços de coleta, manejo e tratamento do lixo. Como consequência, o Brasil dificilmente cumprirá os objetivos de desenvolvimento sustentáveis da ONU (ODS) relacionados à gestão do lixo.

No entanto, para Herschmann, do Observatório do Clima, a COP deste ano tem como missão fechar as regras para a aplicação do Acordo de Paris, principalmente com relação à transparência sobre como os países vão reportar suas emissões, como será o financiamento climático e definir marcos temporais comuns, como metas de cinco ou dez anos, entre outros tópicos. “A principal discussão na COP26 será sobre a ambição climática. As metas colocadas hoje não cumprem com o objetivo de conter o aumento da temperatura em 1,5ºC ou 2ºC, como previsto no Acordo de Paris. Os países precisam chegar em Glasgow com compromissos mais ambiciosos”, disse.

O vice-secretário executivo de mudança climática da ONU, Ovais Sarmad, afirmou em uma conferência virtual da ONG britânica Chatham House que está esperançoso. “Sinto que há um novo entusiasmo e um novo impulso cercando a ação climática internacional que não víamos desde a assinatura do Acordo de Paris. Há um apetite renovado de progresso”, disse ele.

Fonte: Um Só Planeta

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