Saneamento básico e lixões: o desafio para combate a Covid-19

Com mais da metade da população sem acesso a saneamento básico, país sofre para conter avanços do novo coronavírus

Em 2020, o mundo enfrenta um cenário terrível: uma pandemia de Covid-19, um vírus que se dissemina com grande facilidade. Apesar de sua terrível natureza, o novo coronavírus pode ser combatido por dois antigos conhecidos do ser humano: água e sabão. Mas como entrar nessa guerra se quando mais da metade do povo brasileiro não tem acesso a saneamento básico?

Pois é, por mais simples que pareça, boa parte da população ainda não tem acesso a água encanada. Um estudo recente da KPMG revelou que o Brasil precisaria investir R$ 753 bilhões até 2033 para universalizar e oferecer serviços adequados de água e esgoto à população de todas as regiões. Exatamente por esta questão, corre no Congresso Nacional o novo Marco Legal do Saneamento Básico, projeto de lei que tem como objetivo mudar o marco regulatório do setor. A principal medida da lei é a obrigatoriedade de haver concorrência nas contratações de serviços na área, abrindo caminho para aumento da participação da iniciativa privada.

Para especialistas do setor, o déficit no saneamento básico e a existência de lixões no país são grandes agravantes na disseminação do vírus. Eles apontam que a aprovação do novo Marco Legal do Saneamento Básico pode ser a resposta para a universalização de serviços essenciais à saúde, como abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto, limpeza urbana e coleta e tratamento do lixo. No entanto, para que isso aconteça, é necessário agilidade para aprovação do projeto.

Outra questão de extrema importância que deve ser olhada de perto neste momento são os lixões. Para quem ainda não sabe, lixões são simples depósitos de lixo sem qualquer cuidado com o solo e o meio ambiente, nem qualquer tipo de controle em relação ao material despejado lá. Ou seja, em um lixão, pode conter até mesmo materiais perigosos para a saúde humana, como descartes hospitalares e industriais. Com o crescimento de infectados e, consequentemente, de mais rejeitos contaminados, estes locais se tornam espaços para que o vírus possa se disseminar livremente, sem qualquer forma de contenção.

Recentemente, a PNUMA, um programa da ONU, anunciou que a gestão inadequada de resíduos pode causar efeitos imprevisíveis na saúde humana e no meio ambiente. Por isso, o manuseio seguro e o descarte final desses materiais são essenciais para uma resposta de emergência eficaz. No entanto, com os resíduos sendo descartados em lixões ou outros pontos irregulares de descarte, sem a devida estrutura para proteção, é uma grande ameaça à população.

 

Fonte: Agência Brasil, Monitor Mercantil, KPMG, ONU

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