Rússia: belos cenários ou montanhas de lixo?

Com imagens de paisagens e construções de tirar o fôlego, o país da Copa é na verdade o país do lixo

A sede da Copa do Mundo da FIFA de 2018 vem encantando por seus belos cenários. Imagens que nos chegam pela imprensa e pelos turistas revelam construções admiráveis como a Praça Vermelha, com sua arquitetura muito original. Tudo muito colorido e que parece ter sido elaborado para uma produção de cinema. Ou o Izmailovo Kremlin, uma fortaleza construída para atrair os olhos dos curiosos turistas que transitam pela cidade.

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Pois é, a Rússia da Copa do Mundo que vemos pela televisão é incrível. Entretanto, a realidade do país é muito diferente. Se você for em direção aos subúrbios de Moscou, irá se deparar com um grande problema: o excesso de lixo descartado irregularmente. O país vive sufocado em montanhas de lixo, situação que incomoda os moradores pelo mau cheiro e as emissões tóxicas consequentes.

Segundo as estimativas da organização ambientalista Greenpeace, a Rússia produz 70 milhões de toneladas de resíduos por ano. Só Moscou é responsável por aproximadamente 25 milhões de toneladas. Nos últimos dez anos, o volume de lixo aumentou 30% no país. Desse percentual, apenas 2% desse lixo é incinerado e 7% reciclado. Todo o restante, vai para pontos irregulares de descarte – e por lá ficam.

Mas o grande problema é que não existe coleta seletiva em muitas das cidades do país e assim, os resíduos vão se acumulando há décadas nos lixões, cada vez maiores. O governo, empresas e os cidadãos enfrentam grandes obstáculos em gerenciar os resíduos e proteger o meio ambiente.

Mas essa não é uma particularidade apenas de Moscou. Todo a extensão do país compartilha situação semelhante. Aos arredores da capital, só nos últimos 5 anos, apesar de já terem sido fechados 24 lixões por insalubridade (local cujas condições são prejudiciais à saúde), ainda existem 15 outros recebendo diariamente toneladas e toneladas de resíduos contaminantes não classificados.

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O povo contra o lixo

No final de março, manifestantes protestaram contra o lixão de Iadrovo, por conta dos gases tóxicos emanados terem provocado mal-estar em pelo menos 50 crianças que residem no local. Muitas dos menores tiverem de receber atendimento médico e, em alguns casos, alguns tiveram até de ser hospitalizados.

O ar tóxico toma proporções maiores a cada dia. Segundo especialistas, quase 11 milhões de toneladas de resíduos se acumulam nos lixões aos arredores de Moscou, o que representa quase 16% de todo volume de resíduos do país.

De acordo com Alexei Kiseliov, encarregado do Greenpeace-Rússia, “ninguém lida com o problema até que haja uma emissão de gás, um vazamento de água contaminada ou um incêndio em um lixão”.

O país estuda possibilidades para reverter a situação. O governo russo prometeu construir cinco incineradoras de resíduos, quatro na região de Moscou e uma em Kazan. As usinas teriam capacidade de incinerar 700.000 toneladas de resíduos por ano e como consequência, produzir, cada uma, 70 megawatts de eletricidade.

Entretanto, os planos do governo não agradaram a população local. Os cidadãos e ambientalistas reuniram cerca de 4.000 assinaturas contra o projeto. Boa parte teme a contaminação por dioxinas cancerígenas que poderiam ser liberadas pelos resíduos da fábrica. Juntamente com ambientalistas, eles afirmam que a melhor solução para o país é investir em indústrias de reciclagem, fábricas de tratamento e separação de lixo.

Bom, o fato é que governo e população devem entrar em comum acordo. A situação do excesso de lixo é insustentável e causa sérios danos ao meio ambiente e a saúde da sociedade. Seja incineração, reciclagem, mágica…algo deve ser feito, senão antes da Copa do Mundo terminar, o país já vai ter se afogado em seu próprio lixo.

Leia Mais: Com apoio de instituições privadas, Portugal substitui lixões por centros de reciclagem

Fontes: Cross Wrap, Istoé, Gaucha ZN

 

 

 

 

 

 

 

 

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