Lixo urbano: uma trajetória que não acaba na porta de casa

O Movimento Lixo Cidadão foi conhecer de perto o Aterro Sanitário Essencis Soluções Ambientais SA, em Caieiras – Região Metropolitana de São Paulo –, considerado um dos mais avançados do País. Ficamos encantados com o tour, que foi bem importante para entender todas as etapas de uma complexa operação do setor de limpeza urbana, que geralmente começa quando o lixo é retirado da porta de nossas casas. Localizado no quilômetro 33 da Rodovia dos Bandeirantes, o local atende 18 municípios (inclusive metade da Capital paulista) e tem processos claros de destinação e tratamento do lixo, além do emprego de técnicas previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos, como logística reversa.

Com uma área total de 3,5 milhões metros quadrados, a Unidade de Valorização Sustentável (UVS) – ou Aterro de Caieiras, como é popularmente conhecido – recebe diariamente cerca de 10.500 mil toneladas (aproximadamente 700 caminhões/dia) de lixo urbano. São diversos tipos de resíduos destinados corretamente –24 horas por dia (exceto aos domingos, cujo encerramento é às 14h), sete dias por semana –, dos resíduos perigosos, dispostos no Aterro Classe 1, aos não perigosos (por exemplo, os domiciliares), direcionados ao espaço Classe 2.

“A Unidade de Valorização Sustentável (UVS) não apenas recebe como também trata e valoriza os resíduos a fim de dar uma destinação adequada”, explica o coordenador de operações da Essencis e engenheiro ambiental, Guilherme Miossi, que ainda fez questão de mostrar como funcionam os processos. “Temos um time qualificado de profissionais, contando com tecnologia, engenharia e uma equipe à disposição para dar o devido suporte. Nosso aterro ainda gera energia, que é um meio nobre de valorização de resíduos”, complementa.

Por falar em valorização, tanto o biogás que emana do material descartado quanto o chorume (líquido que vem do lixo) são reutilizados e redirecionados, respectivamente. Ao lado do aterro, há uma termoelétrica – a Termoverde – que usa o Gases de Efeito Estufa (GEE) para produção de combustível. Por hora, é gerado um total de 30 MW, o suficiente para abastecer constantemente uma cidade de 300 mil habitantes com energia sustentável. Já o chorume é levado diariamente para uma lagoa e, em seguida, um caminhão transporta para uma estação de tratamento, permitindo o seu tratamento apropriado.

Em relação à rotina do local, Miossi detalhou a logística diária. “Após percorrerem as ruas das cidades, os caminhões de coleta das empresas de limpeza urbana vão para um transbordo. Em seguida, outros veículos maiores, como carretas, levam o material coletado para a UVS. Aqui os resíduos são cobertos diariamente e nunca ficam expostos”, ressalta. Já o resíduo industrial é controlado por um laboratório próprio, sendo todo tipo de atividade monitorada pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). A vida útil do aterro de Caieiras é para mais duas décadas.

A Essencis, que pertence ao Grupo Solví, é uma empresa privada, que opera em uma área própria. A UVS Caieiras também possui outras tecnologias de valorização de resíduos, por exemplo, logística reversa (em linhas gerais, o produto retorna para a cadeia produtiva); TDU (ou Unidade de Dessorção Térmica), que contempla o tratamento de solo contaminado com hidrocarboneto, sendo essa prática muito comum em postos de combustíveis; e um projeto recuperação fiscal.

Para exemplificar esse último modelo, quando uma empresa farmacêutica perde uma quantia de medicamentos por data de validade expirada e consegue comprovar essa “quebra de estoque” para a Receita Federal, é possível recuperar parte dos impostos pagos. É justamente nessa intermediação que colabora a Essencis, também atribuída de outras etapas, como a incineração dos itens quando necessária.

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