Lixo em projeção

Cinema debate a gestão de resíduos sólidos com obras-primas nacionais e internacionais; confira nossa seleção

 

A discussão sobre a gestão de resíduos nos centros urbanos ganha outro território: a sétima arte. Selecionamos filmes que abordam o tema de maneira honesta, levantando questões atuais e engajando o público nessa causa. Escolha uma obra e boa sessão.

O documentário “Lixo extraordinário” mostra o processo de criação do artista plástico Vik Muniz em parceria com os catadores de material reciclável no aterro controlado do Jardim Gramacho (RJ), que encerrou atividades em 2012. Além de empoderar uma categoria, a obra mostra a trajetória pessoal de diversos profissionais, entre eles, Tião Santos, presidente da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho. O agente ambiental não só ajudou no trabalho do criador como foi a Londres para participar de um leilão da obra inspirada em sua foto. Alerta de spoiler: a cena final de Tião no Programa do Jô tem um “tapa de luva” no entrevistador que vale a pena ser assistido.

Lançado durante a última edição da Virada Sustentável e com apoio do Movimento Lixo Cidadão, o “Cultura do desperdício” discute os impactos do desperdício de alimentos na sociedade (estima-se que um terço é descartado anualmente em todo mundo) e as formas de reverter esse quadro (o filme apresenta o conceito de “aproveitamento integral”).

Assinado pela Conteúdo Diversos e feito em parceria com o Banco de Alimentos, o longa alerta para dramas locais, como o fato de 26,3 milhões de toneladas terem o lixo como destino no Brasil, e ainda conta com depoimentos de diversos especialistas, como economistas, advogados, nutricionistas e ambientalistas. Em entrevista, o escritor Eduardo Giannetti afirma que desperdício alimentar é imoral e antiético, uma vez que pode ser evitado caso haja vontade para tal. Alguns trechos estão acessíveis no YouTube (clique aqui).

Disponível no Netflix, o longa-metragem “Trash – a esperança vem do lixo” é uma obra de ficção, mas que poderia ser um retrato bem verdadeiro do Brasil. Com elenco estrelado (leia-se Wagner Moura e Selton Melo na “linha de frente”), o filme descreve um esquema de corrupção e desvio de dinheiro que tem a “ponta do iceberg” deflagrada por três meninos moradores de uma comunidade, localizada ao lado de um lixão. Alerta de spoiler: o desfecho, que é um pouco romântico, dá uma certa esperança em tempos tão duros no País.

Concebida pela Estre Ambiental e assinada pela Produtora de Conteúdo D21, a web-série “Lixo é só o começo” aborda de maneira didática temas que afetam todos nós: desastres ambientais, cidadania, lixo eletrônico e/ou industrial e seu descarte adequado, entre outros. Ao todo, são dez vídeos curtos, de até três minutos, destacando com exemplos práticos questões importantes da vida nas cidades no que diz respeito à sustentabilidade.

Lançado em 1989, o curta-metragem “Ilha das Flores” questiona com alta dose de sarcasmo as relações humanas que incluem dinheiro, liberdade (ou falta de) e acesso à alimentação. O filme é narrado por meio da trajetória de um tomate: começa na plantação desse fruto e vai até a mesa de uma família de classe média, que o descarta por estar “impróprio” para consumo. O item acaba indo para um ponto viciado na Ilha das Flores, localizada à margem esquerda do Rio Guaíba, em Porto Alegre (RS), onde é disputado entre porcos e seres humanos. A obra é controversa, pois alguns alegam que houve desrespeito com os moradores do local e falta de veracidade com os fatos – um desdobramento pode ser conferido no vídeo “Ilha das Flores: depois que a sessão acabou”.

Mais lúdico do que os demais, “WALL-E” é uma animação da Pixar e conta a história de um robô criado em 2100 para limpar o planeta, que foi abandonado pelos seres humanos e se encontra coberto por lixo. O protagonista se apaixona por uma robozinha nada dócil chamada Eva, cuja missão é encontrar pelo menos uma planta viva na superfície da Terra. Assista ao trailer aqui.

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