Cada passageiro gera quase 1,5 kg de lixo por voo; aéreas tentam mudar isso

Se nada for feito para reverter a situação, em 10 anos o volume de lixo pode duplicar

Já parou para pensar quanto lixo é produzido diariamente nas centenas de voos que acontecem ao redor do mundo?

Um levantamento realizado pela IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) revelou que cada passageiro produz, em média, 1,43 kg de lixo, por voo, incluindo desde materiais usados no serviço de bordo até papel higiênico nos banheiros. Só em 2017, foram geradas 5,7 milhões de toneladas de resíduos.

Com o crescimento do setor aéreo, cresce junto a preocupação com o aumento da produção do lixo. Se nada for feito, essa quantidade pode dobrar nos próximos 10 anos. Diante de tal cenário, surge o desafio para as empresas, que tem como novo objetivo a adoção de iniciativas para reduzir ou eliminar o uso de materiais descartáveis de plástico e aumentar a reciclagem de resíduos.

Primeira ação: entre Portugal e Brasil

A primeira grande ação aconteceu no final de 2018. A companhia aérea portuguesa Hi Fly, de voos fretados, fez a primeira viagem livre de plásticos descartáveis. O voo decolou em 26 de dezembro de Lisboa, em Portugal, para Natal (RN), no Brasil. Copos e embalagens foram substituídos por materiais de papel reciclado, e talheres foram produzidos com bambu.

Durante as férias de final de ano, foram quatro voos totalmente livres de plástico e 12 com redução significativa do material. No total, foram economizados mais de 1.500 quilos de plástico, ou 500 gramas por passageiro a cada voo, segundo a empresa. A meta, afirma a companhia, é chegar ao fim deste ano com todas as viagens 100% livres de plástico descartável.

27 milhões de copos de café

A Etihad Airways, eleita uma das melhores aéreas do mundo, divulgou que consome cerca de 27 milhões de copos plásticos de café por ano. Em abril, fez seu primeiro voo totalmente livre de descartáveis feitos de plástico, substituindo 95 itens, como garrafas de água e refrigerante, copos, talheres e até a embalagem dos cobertores.

Só a substituição do plástico, porém, não resolve o problema. É preciso também reciclar o máximo possível do lixo produzido a bordo pelos passageiros. Em julho, a australiana Qantas fez o que chamou de o “primeiro voo sem lixo” do mundo. “Isso significa que todo papel, plástico, alumínio e itens de refeição que iremos servir hoje serão usados em compostagem, reciclados ou reutilizados”, afirmou uma das comissárias de bordo aos passageiros. A intenção da companhia é reduzir drasticamente as 30 mil toneladas de lixo produzidas em seus aviões.

E as empresas brasileiras?

Em julho, o grupo Latam anunciou o programa “Recicle sua viagem”, com objetivo de reciclar todo o resíduo de alimentos e bebidas vendidos a bordo. O programa começa ainda neste mês de agosto nos voos domésticos no Chile e deve ser expandido gradativamente aos mercados onde a Latam atua, inclusive o Brasil. A companhia diz que irá reciclar mais de 20 toneladas de lixo entre agosto e dezembro deste ano e que, para o ano que vem, estima 55 toneladas de lixo reciclado. O programa envolve a tripulação que oferece os produtos a bordo do avião e depois recolhe os resíduos dos passageiros, separando alumínio, vidro e plástico, e também a LSG Sky Chef, fornecedora da Latam, que que cuidará dos resíduos em solo.

A Azul tem o programa ReciclAzul, que separa as latinhas de alumínio usadas nos voos para reciclagem em cooperativas, com renda destinada a projetos sociais, como compra e doação de cadeiras de rodas. “Também estamos avaliando um incremento mais significativo e eficiente do ReciclAzul, onde iremos separar todos os resíduos recicláveis, como copos de plástico, embalagens de snacks e caixas de suco tetrapak. Assim, praticamente eliminaremos os resíduos destinados a aterros”, afirmou a empresa.

A Gol não citou nenhum programa específico, mas disse que “reconhece a importância do tratamento adequado dos resíduos dos materiais utilizados a bordo e trabalha, em conjunto com as administradoras aeroportuárias, para realizar o acondicionamento e o descarte destes itens em conformidade com o plano de gerenciamento de resíduos sólidos determinado pelos aeroportos”.

Fonte: UOL

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