Brasil não tem infraestrutura para lidar com a produção crescente de lixo
Em 2018, cerca de 6,3 milhões de toneladas de resíduos nem sequer foram recolhidas junto aos locais de geração
Recentemente, um estudo realizado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) apontou o Brasil como um dos maiores produtores de resíduos plásticos em todo mundo, alcançando a indecente 4ª posição – atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O estudo ainda demonstrou que o país é um dos que menos reciclam esse tipo de material – apenas 1,2%.
Mas não é só a produção de plástico que está crescendo! Um estudo realizado pela Abrelpe demonstrou que a produção de lixo no Brasil tem avançado em ritmo mais rápido do que a infraestrutura para lidar de maneira adequada com esse resíduo.
A análise deu outro título desonroso ao nosso querido país: maior gerador de lixo de toda a América Latina. Em 2018, o Brasil produziu, em média, 79 milhões de toneladas de lixo, um crescimento de cerca de 1,66 comparado ao ano anterior. No entanto, segundo estimativas do próprio relatório, a tendência de crescimento na produção de resíduos deve ser mantida nos próximos anos – o País pode alcançar uma geração anual de 100 milhões de toneladas por volta de 2030. 😮
A verdade é dura, mas temos de enfrentar: produzimos mais lixo do que somos capazes de tratar corretamente. Em 2018, das 79 milhões de toneladas produzidas, cerca de 6,3 milhões de toneladas de resíduos nem sequer foram recolhidas junto aos locais de geração. Apesar da cobertura da coleta seletiva ter aumentado, ainda está longe da universalização do serviço. Um em cada 12 brasileiros não tem coleta regular de lixo na porta de casa.
Diminuição dos recursos para serviços de limpeza urbana
Especialistas apontam que a estagnação ou o retrocesso de alguns índices se deve à falta de recursos empregados pelos municípios para custeio de serviços de limpeza urbana. Em 2018, atividades desta natureza registraram queda de 1,28% de investimentos, além da perda de quase 5 mil postos de trabalho direto/formal. Para a execução de todos os serviços de limpeza urbana foram aplicados pelos municípios apenas R$ 10,15 por habitante/mês, em média.
Apesar da Política Nacional de Resíduos Sólidos, assinada e 2019, ter decretado a erradicação dos lixões em todo território brasileiro, ainda é grande o número de municípios que destinam seus resíduos para este tipo de local.
Em 2018, 29,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos foram enviados para lixões ou aterros controlados (pontos irregulares de descarte), que não contam com um conjunto de sistemas e medidas necessários para proteger a saúde das pessoas e o meio ambiente contra danos e degradações. Considerando países com a mesma faixa de renda (países de média-alta renda, segundo classificação do Banco Mundial), o Brasil apresenta índices bastante inferiores, pois a média para destinação adequada nessa faixa de países é de 70%.
Fonte: G1, O Estado de S. Paulo, Agência Brasil