A montanha de lixo indiana que deve ultrapassar o Taj Mahal em 2020
Aterro perto de Nova Délhi já passou de 65 metros de altura e pode superar um dos principais pontos turísticos do país
Você já ouviu falar do Taj Mahal? Trata-se de um mausoléu (um monumento construído em memória geralmente de alguma personalidade importante) construído em 1633 e é considerado umas das sete maravilhas do mundo moderno. A obra é o principal ponto turístico da Índia e também um dos mais altos: 73 metros de altura.
Mas tudo indica que o monumento será ultrapassado nos próximos anos. Nos arredores de Nova Délhi, capital da Índia, há uma montanha que não para de crescer. O grande problema é que essa montanha é feita de lixo. O aterro de Ghazipur (que de aterro não tem nada) tem, atualmente, cerca de 65 metros e não para de receber resíduo – entre 2.000 e 2.500 toneladas todos os dias.
Chamada de ‘monte Everest’ pelos moradores da região, a montanha de lixo indiana está tão grande que em breve deve receber luzes de sinalização para aviação, como as que ficam nos topos de prédios das grandes cidades. Ao que tudo indica, até o ano que vem, ela deve chegar aos 73 metros de altura e ultrapassar o gigante e icônico mausoléu indiano.
Acima do limite
O “aterro” de Ghazipur foi aberto em 1984 e deveria ter sido fechado pela prefeitura de Nova Délhi em 2002, quando tinha “apenas” 20 metros de altura. Como o poder público indiano não resolveu o problema, ele continuou crescendo ano a ano.
Os perigos criados pela montanha de lixo são inúmeros. Para chegar ao topo e permitir que os caminhões descarregassem, foram escavadas verdadeiras estradas nas laterais do lixão. Em 2017, um deslizamento de uma das encostas, causado por fortes chuvas, matou dois moradores que passavam pelo local.
Além disso, o aterro nasceu e cresceu como um lixão normal, em que os resíduos foram simplesmente sendo empilhados, sem nenhum cuidado. Por conta disso, não há uma estrutura, o que causa deslizamentos e isso contribui para que aconteçam incêndios internos e depósitos de gás abaixo da superfície. Isso sem falar no chorume que o lixão produz em grandes quantidades e contamina o solo da região.
Poucas alternativas
Depois do acidente de 2017, a prefeitura chegou a fechar o local por uma semana e técnicos norte-americanos estiveram na área para estudar alternativas para o lixo. Uma semana depois, no entanto, os caminhões voltaram a despejar suas cargas no local.
Com cerca de 21 milhões de habitantes, Nova Délhi conta com Ghazipur e mais dois outros aterros — todos funcionando acima da capacidade operacional há mais de uma década — para dar conta dos mais de 62 milhões de toneladas de lixo produzidos todos os anos. Enquanto não cria novas alternativas, o “Everest” de lixo de Ghazipur não para de crescer.
Ao redor, os moradores sofrem com doenças respiratórias e envenenamento. Há até uma fazenda de produção de leite e laticínios no mesmo bairro. O impacto do aterro para a saúde da população é imensurável, mas o problema da poluição e do lixo em Nova Délhi não será solucionado tão cedo.
Fonte: R7